quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Catch a fire - a marca do reggae

Há discos que marcam a história da música popular. Um deles é Catch a fire, primeiro LP de Bob Marley and The Wailers, gravado entre Jamaica e Inglaterra. Antes desse lançamento, o raio de ação do reggae limitava-se aos bairros pobres de Kingston; depois dele, o gênero espalhou-se pelo mundo da música pop. Outra importância do álbum foi ter quebrado a regra dos produtores jamaicanos da época de apenas produzir singles, compactos com duas músicas e capas simples, mais baratos e rentáveis. Tudo isso sem falar na capa com a foto de Marley fumando um baseado (maconha é elemento importante para o rastafarianismo!), bem diferente do que se fazia nas capas de discos da época.
Catch a fire, gravado em 1972 e lançado em 1973, foi importante ao mostrar que um grupo de reggae podia fazer um trabalho coeso, com músicas criadas com liberdade e sem pressões comerciais. A gravadora que bancou o projeto foi a Island Records, selo inglês de Chris Blackwell, jamaicano nascido na parte rica de Kingston e filho de ingleses. Produtor antenado com o que acontecia na ilha desde a década de 1960, Blackwell apostou no sucesso que Marley e os Wailers representavam e resolveu lançá-los no mercado europeu.
Os Wailers foi criado como grupo vocal por três parceiros: Marley, Bunny Livinston e Peter McIntosh (ou Peter Tosh). Entre 1969 e 1970, entrou na banda a melhor “cozinha” musical do gênero: os irmãos Aston e Carlton Barret, respectivamente, baixista e baterista.
Surgido nos anos 1960, o reggae era um novo ritmo afro-caribenho criado a partir do ska, do rock steady (um mais dançante e outro mais lento e introvertido) e de gêneros norte-americanos como rhythm and blues e soul music. Seu andamento meio lento, os acentos nos tempos fracos do compasso e as sutis frases rítmicas do baixo e da bateria, com toques por vezes levemente adiantados ou atrasados, deram um brilho diferente e devem ter causado certo frisson nos ouvidos europeus.
Além da rítmica peculiar, as letras com temáticas sociais das canções do álbum compostas por Marley ou Tosh revelam outra origem do gênero: os bairros pobres de Kingston, como Trench Town. Letras que falam da escravidão que persiste no dia-a-dia dos pobres (como em Slave driver), da dificuldade da vida nas cidades (em Concrete jungle, também nome de uma região violenta da capital jamaicana), a necessidade de fazer um movimento contra a exploração (em 400 years), mensagens de paz e felicidade (em No more trouble), mas que não deixam de falar de amor (como no sucesso Stir it up).

Depois de Catch a fire, o mundo nunca mais esqueceu o poder de encantamento do reggae. Bom motivo para lembrar do aniversário de Bob Marley, que faria 66 anos no próximo dia 6 de fevereiro não tivesse um câncer lhe tirado a vida em 11 de maio de 1981. Outro motivo para ouvir a cantora Céu e seu arranjo para Concrete jungle.

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